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ALMOÇO LITERÁRIO EM BRASÍLIA
14-06-1993
O Belas Artes é um espaço cultural animado. Em verdade, apenas um bar daqueles que avançaram sobre as calçadas, com a diferença de que tornou-se um ponto de encontro entre intelectuais e boêmios.
Embora fique no decadente e mal frequentado Conjunto CONIC, em pleno centro do Plano Piloto de Brasília, teve a sorte (ou foi intencional?) de estar localizado entre a Livraria Presença e o Teatro Dulcina — onde o Ivan promove livros e autores — e o Teatro Dulcina, que congrega estudantes e atores de teatro, além de um público pequeno, mas significativo.
Fui ao último almoço literário, ontem, dedicado ao poeta Fernando Mendes Viana. No cardápio um saboroso cozido à brasileira, tipo self service, com verduras e saladas à vontade e carnes, além do pirão quente. Uma delícia!
Não foi menos agradável a apresentação do Fernando, com sua voz bonita, seus poemas e seus comentários.
Leu versos de seus livros, todos eles reunidos na antologia “Marinheiro do Tempo”, editado em 1986, pela Thesaurus.
Fez leituras de trechos poéticos de Camões e uma inteligente “provocação” sobre o significado e a (impossível) definição de Poesia, partindo de seus “mitos e ídolos”: Ovídio, Mallarmé, Verlaine, Whitman e Rilke, passando por Drummond — a quem aconselhou não fazer poemas sobre acontecimentos, mas foi o primeiro em contradizer a própria regra.
Presentes muitos poetas e escritores brasileiros (inclusive o Antonio Carlos Osório, presidente da Academia Brasiliense de Letras), editores, músicos, políticos (entre os quais o deputado comunista Augusto de Carvalho) e amigos, sem contar o pessoal das embaixadas do Chile, da Bolívia e da Venezuela.
Sempre andei muito afastado das rodas literárias de Brasília, conheço pouca gente, pouca gente me conhece.
Amigos somente o próprio Fernando e o professor
Cassiano Nunes, poeta e crítico literário.
Conheci poetisas latino-americana, ganhei livros, e acabei com o ego muito elevado quando o Conselheiro da Embaixada da Venezuela (Geraldo...), na nossa mesa, afirmou para os presentes que “Tu país está feliz”, de minha autoria, seria um divisor da águas na trajetória do teatro em seu país.
E comentamos, com muito pesar, o falecimento trágico do diretor Carlos Giménez [que dirigiu “Tu país está feliz.]
Na opinião dele, a perda é irreparável e insubstituível para o teatro venezuelano, e Rajatabla não será igual sem a sua liderança.
A reunião terminou com a animação da “música ao vivo”, dos drinques e anúncios de futuras tertúlias.
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